
Quando fiquei gravida de Gabriel eu tinha uma vida de jornalista esportiva e atleta que vivia para as pistas de corrida. Sacolinha com marmita, frutinhas, academia diariamente e treino longo aos sábados era a delícia da vida! Ao saber que estava grávida parei com absolutamente tudo de uma hora para a outra. E, mesmo voltando para as atividades físicas um pouco mais tarde, não conseguir controlar muito os meus hábitos alimentares. A ausência do esporte enlouqueceu meu metabolismo, os hormônios ficaram atordoados e o resultado foi um grande ganho de peso e duas depressões pós parto. Essa conta, eu demorei dois anos para pagar.
Em 2008 ainda não tinha essa coisa do cuidado com a alimentação do bebê nos primeiros mil dias. Pelo menos não dentro do meu universo. E por não ter cuidado muito bem da minha alimentação na gravidez (já perdi 270 dias nessa conta aí), durante a amamentação e os primeiros anos de vida dele eu quis compensar. Comia bem e de forma saudável para que Gabriel tivesse bons nutrientes pelo meu leite. Não emagreci tanto, mas ele ficou bem suprido nutricionalmente. Depois, seguindo o nosso estilo saudável de alimentação em casa, ele entrou na linha da comida boa. Hoje, confesso, meu poder de persuasão nem sempre fala mais alto. E ele está terrivelmente seletivo em suas escolhas. Mas bate um bom prato de comida, belisca pouco e continuamos lutando pela inclusão das frutas e verduras na alimentação.
Os dados de pesquisas relacionadas à nutrição infantil me faz arregalar os olhos para a quantidade de porcaria que as crianças comem. De quem é a culpa? Na maioria dos casos, nossa. Segura a culpa, mãe!!!!
Um estudo recente da Nutriplanet mostrou a realidade da alimentação da infância brasileira. Falta ferro, cálcio, vitaminas A e D e fibras. E sobra proteínas, carboidrato e sódio. A consequência? Esse bando de criança acima do peso, sem energia, cansada e apáticas (principais sintomas da anemia).
Em 2012, por exemplo, o consumo de açúcar pela população brasileira foi de 6 vezes mais o recomendado. O que isso quer dizer na prática? Que estamos colocando pra dentro aquele belo pacote de 5 quilos de açúcar POR MÊS. E isso é igual a 63 quilos de açúcar POR ANO.
Para entrar na luta da conscientização alimentar (veja que de nada adianta você dar só uma semana de comida boa pro filhote. O lance aqui é mudar hábito MESMO), selecionei 10 dicas de como fazer seu filho comer bem.
Em tempo: Nada é novidade, mas lembra aquela coisa de oferecer a comida um tanto de vezes até a criança aceitar? Pois bem, quem sabe a gente lendo, lendo, lendo, alguma chave de consciência alimentar gira dentro da cuca e passamos a mudar a carinha das nossas refeições?
1. A formação de bons hábitos alimentares acontece na infância. Se os pais comem mal, obviamente os filhos seguirão esse exemplo.
2. Faça pelo menos uma refeição em família. E nela procure introduzir bons alimentos no seu prato para que seu filho veja você comendo bem. Lembre-se que o principal exemplo deles é você.
3. Permita as porcarias, desde que isso não faça parte da rotina alimentar de vocês. Um fast food uma vez ao mês, após um programa especial de cinema, por exemplo, não vai fazer mal. O problema é isso virar a parte boa do dia após a escola.
4. Se não conseguir evitar a compra das tranqueirinhas (bolinhos, bolachas e salgadinhos) limite-os em quantidade e dias da semana. Coloque isso como regra da casa. De forma que valha para todos. (isso inclui papai e mamãe).
5. A quantidade de açúcar diária recomendada para uma criança de até 3 anos é de 14g/dia (1 colher de sopa). Mas isso vale para tudo, desde bolos e sobremesas até o açúcar que é colocado no suco.
6. E por falar em sucos, evite adoçá-los. Uma dica é usar outra fruta junto para quebrar a acidez. A manga fica ótima no suco de maracujá, assim como o morango no suco de laranja ou abacaxi.
7. Use a criatividade na hora de fazer os pratos para o seu filho. Na oficina que participei, algumas sugestões foram bem legais, como uma omelete cortada em forma de barco ou brócolis fazendo as folhas de uma árvore. Use a imaginação e faça arte na cozinha!
8. A alimentação da mulher, durante a gravidez é super importante para a saúde do bebê. E isso é sério. Manter uma alimentação balanceada e rica em nutrientes vai muito além de engordar pouco durante os nove meses. É a nutrição do seu bebê que está em jogo.
9. O mesmo vale para a amamentação. A mãe precisa se alimentar bem, seguir as proporções recomendadas por dia e lembrar que existe um bebê que precisa do que ela come. E isso não inclui uma coxinha ou um hamburger.
10. Dê o leite materno o máximo de tempo que você conseguir. Na minha primeira gestação amamentei por 8 meses. Na segunda não consegui amamentar e já contei o motivo aqui. Mas, se precisar escolher uma fórmula infantil ou composto lácteo, estude bem as opções disponíveis no mercado, veja as que não contém açúcar e o que pode ser oferecido para a criança, de acordo com a idade dela. E converse sempre com o seu pediatra.