Todo mundo me pede para falar sobre minha depressão pós-parto. Vira e mexe, numa roda de amigas, essa conversa vem. Até por aqui eu já prometi contar, né? Pois bem, alguns meses após o nascimento do meu primeiro filho, me vi com o maior amor do mundo em meus braços e uma tristeza que me consumia por dentro. Para superar isso foi preciso uma medicação e um tratamento forte. A depressão passou, eu continuei na licença maternidade, amamentando e vendo Gabriel crescer. Meses depois ela estava de volta. E aí eu segui o conselho do meu terapeuta: curei essa segunda rebordosa com a corrida.
Eu não sei detalhar as consequências químicas da corrida dentro da gente. Eu sei que, depois de um treino, por pior que ele seja, a sensação é sempre boa. A minha primeira depressão, logo que Gabriel nasceu, envolveu relacionamento homem e mulher, falta de sono, a loucura de ter um recém-nascido em casa.
A segunda, meses mais tarde, foi um descontentamento completo comigo mesma, que estava prestes a completar trinta anos. E um verdadeiro bagaço pós-parto. Sim, me julguem, eu estava preocupada com a minha aparência, com o meu ritmo de corrida, ficava irritada com o leite que escorria enquanto eu corria, por não cumprir a planilha direito… Por não conseguir fazer nada bem.
O meu grande medo era que a corrida liberasse muito ácido lático em meu organismo e isso fosse diretamente para o leite materno. E Gabriel começasse a rejeitar o meu peito, interrompendo a amamentação exclusiva, que já durava meses.
Depois fiquei sabendo que, para isso realmente acontecer, eu teria que produzir um volume enooorme de ácido lático e realizar treinos diários bem pesados. O que nunca foi o caso. Com ou sem filho.
Para voltar a correr, minha primeira providência foi trocar o treino presencial pelo à distância, serviço que quase todas as assessorias têm. Depois estabeleci um local para correr: o parque da Água Branca, que era perto de casa. E, por fim, organizei a rotina: dava de mamar pela manhã, praticamente pronta. Deixava Gabi com a cuidadora e já saía correndo de casa para ganhar tempo. Em torno de 90 minutos eu estava de volta. Suada, cansada e feliz.
Aos poucos a tristeza foi saindo, os quilinhos extras também e fui voltando a ser eu mesma. Também fui sentindo mudanças significativas no meu humor, na minha disposição e na minha relação com o marido. Semanas depois eu estava inscrita numa prova de 5 quilômetros, uns sete meses após parir.
O circuito foi no Jockey e a prova era só para meninas. Eu fui com a família e me preparei como se fosse fazer 21 km. Aquela linha de chegada representou uma das sensações mais emocionantes que já vivi. Sozinha, olhando para mim e para as minhas necessidades, eu curei uma depressão. Sem remédios e fazendo aquilo que me faz muito bem: correr. Sem pressão, sem grandes metas e com alegria.
Essa matéria saiu primeira mente no portal Sua Corrida, onde eu escrevo semanalmente a coluna Mais Leve. Leia outros textos meus publicados por lá clicando aqui: A corrida cura. E isso não é papo. | Portal Sua Corrida
A corrida cura. E isso não é papo. - Peguei do
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Vc amamentou tomando antidepressivos? A psiquiatra me passou mas estou com medo de fazer mal ao bebe por estar amamentando.