A importância dos exames de rotina
Foi nos exames de rotina que descobri a necessidade de fazer uma cirurgia. Algo que talvez eu adiasse ou não desse importância por me sentir bem. Eu estava errada.
Foi nos exames de rotina que descobri a necessidade de fazer uma cirurgia. Algo que talvez eu adiasse ou não desse importância por me sentir bem. Eu estava errada.
Resolvi aproveitar os dias de descanso forçado pela cirurgia para tirar da cabeça um monte de coisas que estava me aperreando e colocar no papel. Alguns objetivos, planos, metas e temas que eu quero voltar a falar. Um deles -e que me fez ficar dez dias de molho em casa- é a importância de fazermos os exames de rotina.
Há meses eu sentia uma dor na barriga quando eu comia ou bebia. Às vezes vinha uma cólica do nada, mais ou menos como umas pontadas.
Eu já estava com os pedidos da minha médica e anja, Luciana Taliberti em mãos, mas adiava marcar, fazer jejum, perder uma manhã inteira no laboratório e aquelas coisas que a gente sabe bem como funciona. Até que precise fazer uma endoscopia, mas que não deu em nada.
Foi nos exames de ultrassonografia de rotina a Lu me passou que vimos os cálculos da vesícula. Ali mesmo a médica já deu o diagnóstico de uma possível cirurgia. Voltei na minha médica e ela me explicou tudinho sobre o risco desses pequenos cálculos e, principalmente, das consequências caso tudo isso evoluísse. Há uns dois anos tive uma infecção no rim (pielonefrite) por conta de não dar muita bola para uma infecção urinária. Dessa vez seria diferente, me prometi.
Após o segundo diagnostico igual, eu fui na especialista indicada e mais uma vez escutei sobre a necessidade da cirurgia.
Caramba, vou retirar um órgão do corpo. Bizarro isso.
E como desgraça pouca é bobagem, era preciso mexer também numa hérnia umbilical. Mas isso seria definido na mesa de operação.
A anestesia é geral. E o meu pânico também.
É uma cirurgia relativamente simples, por laparoscopia e que dura cerca de uma hora. A equipe médica era excelente e tinha a recomendação da minha amiga, ginecologista e responsável por colocar Rafael no mundo. Tinha tudo para dar certo.
E deu, ufa!
Mas depois que a gente vira mãe o cagaço de morrer é algo inexplicável. O senso de responsabilidade pela vida e a possibilidade de deixar as suas crias ali, caso algo aconteça, é meio maluco. Não posso morrer, tenho dois filhos para criar e ver crescer. Isso passa pela minha cabeça quase todos os dias.
O que eu lembro de antes da cirurgia, após deitar naquela maca fria, foram algumas orientações dos médicos, um pedido de calma, e um coração palpitando a mil. Pai nosso que estás no céu –eu não posso morrer- santificado seja o vosso nome –eu não posso morrer- venha a nós… dormi.
Acordei com aquela sensação do pós parto, esperando as pernas mexerem, com a boca seca e o nariz entupido. Uma dor abdominal absurda. A hérnia tinha sido reparada.
Cheguei no quarto e minha mãe estava lá. Que alívio ver a minha mãe. Ela tinha acabado de chegar quando eu estava saindo para a cirurgia e mal nos falamos. Alívio da zorra ter a mãe do lado e o colinho dela (algo também inexplicável da maternidade).
Depois falei com as crianças, pai, sogra, pessoal do trabalho e as poucas pessoas que sabiam do que estava acontecendo.
Foi tudo bem, nada deu errado e bem paciente com a recuperação. Em menos de um mês eu viajo com os meninos. Mas… e se eu não tivesse cuidado?
Quando tive a infecção no rim eu poderia morrer em 24h. A história com a vesícula, caso as pedrinhas passem para o pâncreas, é mais ou menos igual.
Aquele caroço que um dia apareceu no meu peito foi benigno, porém me rendeu uma bela cirurgia para retirada. Mas… e se eu não tivesse investigado?
E se…
Esse texto todo é pra dizer que retirar a vesícula não estava no script. O que eu imaginava ser uma gastrite acabou virando uma intervenção cirúrgica. Aquilo que a gente adia ou não da importância pode chegar sorrateiramente e te dar uma rasteira. E isso faz você pensar na vida.
Por isso eu peço: preste atenção na vida que você leva. A vida passa rápido e prega peças na gente. Temos de escutar o nosso corpo e respeitar os sinais que ele dá.
Você tem a vida inteira pela frente, assim como eu. Não se deixe para depois. Coloque-se sempre em primeiro lugar e cuide-se.