Provavelmente, no momento que vocês lerem esse texto, eu estarei com o meu segundo filho no colo, pois, enquanto escrevo estas linhas as primeiras contrações já aparecem. E, mesmo não sendo mais mãe de primeira viagem, não tem jeito: dá ansiedade, nervosismo, dor de barriga e uma mistura de medo com felicidade.
Em pouquíssimo tempo entregarei ao meu mais velho o tão sonhado irmãozinho.
Ter irmão é muito bom. Eu sou filha única pelo lado do pai e a mais velha de três meninas do lado da mãe. Nós três, mesmo morando longe uma das outras, temos uma cumplicidade particular. Nem sempre foi assim, claro, afinal a diferença entre nós beira os seis anos.
Aqui em casa, vai dar quase isso. Entre Gabriel e Rafael passaram 5 anos e 7 meses. E eu torço muito (muito mesmo!!!) para que,mesmo assim, elas sejam extremamente fieis e companheiros um ao outro, como eu e minhas irmãs somos hoje.
Hoje em dia, quando nós três conversamos, a nostalgia toma conta. Relembramos das histórias, das viagens, das brigas e de muitos momentos que compartilhamos juntas. Eu, como mais velha, sempre tive o peso da responsabilidade, do exemplo da casa. Hoje acho o máximo esse “rótulo”, mas passei fases da minha vida de extrema rebeldia e odiando essa responsabilidade! A minha irmã do meio sempre foi a CDF das três, aquela super aluna, exemplo na escola. E a terceira é o nosso xodó, nosso chaveirinho. Cada uma no seu estilo, do seu jeito, com as suas vontades. As “três menininhas da mamãe”, como somos chamadas em casa.
Por aqui, eu terei os meus meninos. Dois moleques, dois amigos, dois irmãos. Uma dupla que promete, já pelos planos do mais velho, sobre o que ele pretende ensinar ao mais novo. Eles dormirão no mesmo quarto, compartilharão dos mesmos brinquedos e cada um ensinará ao outro a sua forma de ver a vida.
Mas claro eu já repito o mesmo mantra da minha mãe: seja um exemplo, pois você será o mais velho. Acho que isso tem mesmo um peso, e a gente tende a se espelhar em quem está acima da gente. Até como uma forma de respeito. Via muito isso nas minhas irmãs e vejo que Gabriel já quer ser o exemplo da casa. Suas pequenas atitudes como parar de fugir para a nossa cama, por exemplo, ou comer toda a comida do prato sem reclamar, já é, de certa forma, uma maneira que ele se posiciona, que se coloca.
Eu estimulo sem fazer chantagens e sem dar muito peso ao tema, pois uma criança de cinco anos ainda não precisa carregar tanta responsabilidade, na minha opinião. Mas acho importante ele ter essa visão de que, o que ele faz e fará, daqui para a frente, será observado por um serzinho cinco anos mais novo.
Aparentemente isso não o amedronta. Muito pelo contrário. Em situações do dia a dia eu vejo ele falando coisas do tipo: “vou guardar esse brinquedo pro meu irmão não engolir” ou “vou ensiná-lo que não pode chegar perto da janela”. Não foi imposto nem é regra em casa. Ele simplesmente sabe que não é legal e já associou
que tem o “dever” de passar isso adiante. E nessa hora a gente constata, com uma lagriminha no olho: o menininho está crescendo e vai dar espaço para a chegada de outro.
Acho que assim posso fizer que formei uma família. A poucos instantes de ter meu segundo filho eu já me sinto realizada por oferecer ao Gabi a oportunidade deliciosa de dividir a vida com um irmão mais novo. Assim como eu fiz –e faço- com minhas amadas Tess e Bia!