Eu nunca disse que seria fácil voltar a correr como antes, colocar duas meias-maratonas como objetivo pro ano ou comparecer aos treinos de sábado na USP, às 8 da manhã.
O que eu não sabia era que seria tão díficil.
A maternidade muda, sim, a vida da gente. Umas coisas pra melhor (e muito melhor) e outras para pior (algumas vezes muito pior, aka barriguinha pós gestação).
Não que eu tenha parado de correr, não é isso. Mas a corrida deixou de ser a minha prioridade quando virei mãe. Os treinos da noite no parque, por exemplo, foram trocados pelo momento em família, jantar a três e livrinhos de história. Me restou a hora do almoço, seguindo uma planilha virtual. Que depois também foi soterrada pos emails, projetos e burocracias do horário comercial.
Mas eu queria voltar a treinar direito. Queria voltar a fazer prova de 10k em 60 minutos, correr 6 pra 1 e ter percentual de gordura abaixo de 15% (ahhh vá). Eu queria terminar bem uma meia-maratona e não beber na 6a a noite pra fazer o longo de sábado.
E aí eu vou dizer que o casamento com o namorido marcado para setembro, a vontade de emagrecer pro vestido de noiva e o foco incondicional da @mompaula, que diz em seu blog (Corre Paula) que larga o marido e filha no escurinho e quentinho da cama para correr na USP foram determinantes para eu tomar vergonha na cara. Tudo isso somado ao treinamento via Facebook de Leandro, da Life Training, meu primeiro treinador (há 10 anos) quando comecei a correr em assessoria. Ele que resolveu me dar todo esse suporte, mesmo que virtualmente, para que eu treinasse bem pra meia do Rio, a Golden4, da Asics.
Hoje quando eu saí pra correr uma hora na esteira, já pensava onde encaixar o treino de 18km do próximo sábado. Já que temos festa junina da escola e aí, como toda mãe sabe, nossos compromissos vão lá pra nao sei que plano.
E aí me vi correndo 6, 7, 8 km, pensando quantos géis de carboidrato eu ainda tinha no armarinho do banheiro, lembrando que meu tenis de treino longo estava ali (UfA) e que eu tinha, sim, umas duas horas disponíveis.
E vi meu foco voltar à tona. Vi meu objetivo claramente. Me vi encaixando o quadril, contraindo o abdomen, controlando a frequencia cardíaca e partindo, de fato, pros 18k. Na esteira.
O insuportável não foi a quilometragem. Mas a contagem de kms na sua cara. Precisa disso, produção???
A dor veio; o cansaço tbm. Mas quando eu teria essa oportunidade de novo? Perder um treino longo a duas semanas da prova significa praticamente por tudo a perder. Foco, Nanna, você sabe fazer isso. Acelerei, joguei um Ramones no Ipod, engoli mais um gel e fiz os 18 quilometros num lindo hamster style, com classe e sob olhar espantado do moço que aquecia na esteira ao lado.
Onze horas depois parece que a endorfina ainda toma parte do meu corpo. Mas o resto do dia foi podre. Equilibrar o salto alto e comer pouquinho no almoço de trabalho (não dá pra dazer feio com cliente) foi cruel. Manter um ritmo de trabalho e ainda encarar a aula de costura no início da noite foi desesperador. Mas a felicidade de correr bem, aquelas duas horas, e saber que meu corpo está voltando pro eixo foi recompensador! (E dividir uma pizza Sadia com o marido, na hora da novela e sem culpa foi #priceless!)
Mas o melhor mesmo está sendo descobrir que tem espaço pra mãe-familia e a mãe-corredora na mesma casa. Sem muitas renuncias!
O cansaço de hoje está bom!
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eu poderia escrever aquelas rases tipo no pain no gain…a dor é passageira..
mas numda né? todas dorme.
Só vou falar uma coisa:
só o amor salva! (e emagrece)
ahahahaha