Na minha pesquisa sobre o risco do leite de vaca oferecido a bebês no primeiro ano de vida, o que me chamou mais atenção (além da quantidade de pessoas que ainda oferecem esse tipo de leite como alimento principal às crianças) foram as doenças silenciosas que podem aparecer.
Sim, o consumo do leite de vaca precoce não tem um risco imediato para o bebê. Ou ainda: não tem nenhum sintoma visível, no curto prazo. O excesso de proteínas e gorduras, por exemplo, poderá influenciar o sobrepeso lá na frente, e fazer com que esse bebê seja uma criança obesa. Já pensou?
A anemia é outra doença silenciosa. Isso porque o leite de vaca possui uma quantidade de ferro inadequada e vários fatores que prejudicam a sua absorção. E o bebê tem a necessidade de uma grande quantidade de ferro, não encontrado nesse tipo de leite. Aliás, tem ferro, sim, mas é bem difícil de ser aproveitado. Segundo o médico pediatra e neonatologista Sérgio Luiz de Almeida, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, o leite de vaca ainda pode levar a sangramentos intestinais invisíveis, que ocasionam a perda de sangue oculta e, consequentemente, de ferro.
Outro problema relatado pelo Dr. Sérgio é o excesso de proteína – e uma proteína que não é a adequada para o bebê. Você sabia que o bebê que consome leite de vaca recebe 5 vezes mais proteína de composição totalmente diferente daquela do leite materno?
E essa proteína ERRADA que o bebê recebe nos primeiros meses de vida favorece a liberação de substâncias que estimulam o ganho de peso exagerado, formação e depósito de gordura que, lá na frente, pode ocasionar o sobrepeso e a obesidade. “É como se a criança ficasse ‘programada’ para ganhar mais peso desde pequena”, diz o médico.
O leite de vaca também é pobre em gorduras específicas e essenciais para o bebê, como ômega 3 e 6. Isso significa, lá na frente, um prejuízo no crescimento e no desenvolvimento cerebral. Claro que isso não é sentido de imediato, nem no primeiro ou no segundo ano de vida. É mais um dos riscos silenciosos do consumo do leite errado.
O mundo ideal do leitinho:
0 a 6 meses: leite materno EXCLUSIVO (não precisa nem de água, tá?!)
Na impossibilidade de amamentar (como foi o meu caso com o Rafinha, como contei aqui!), converse com o pediatra para fazer a escolha da fórmula infantil. Não dê leite de vaca, por favor!!!
6 a 12 meses: introdução dos alimentos sólidos (papinhas) + leite materno
Na impossibilidade de amamentar, escolha com o pediatra a fórmula infantil. Provavelmente você entrará numa fórmula nível 2, indicada para a partir de 6 meses.
A partir de 1 ano: o leite de vaca já está liberado para o bebê, mas já existem leites adaptados a cada faixa etária deles. São os compostos lácteos, aqueles desenvolvidos especialmente para essa faixa etária e de acordo com as necessidades diárias de um bebê com mais de 12 meses. O composto lácteo é o leite de vaca modificado para atender à necessidade de crianças com a composição nutricional adequada para cada idade. Ou seja, alguns componentes do leite de vaca que não são legais para as crianças são trocados, a fim de garantir os benefícios e um crescimento saudável. Sai a gordura saturada e entra a gordura vegetal, por exemplo, adição de prebióticos, DHA e ARA e outros..