Hoje eu estou particularmente emotiva. Já chorei umas duas vezes, já me peguei olhando para os meninos com ar de apaixonada, e fiquei pensando na noite de ontem. Poderia ter sido uma terça-feira qualquer. Mas fomos comer uma despretensiosa pizza com os meninos após a escola. Nada demais, três mães, cinco crianças e muito amor envolvido.
Enquanto eles brincavam, se divertiam e tomavam bronca do segurança do shopping, a gente conversava. Sobre filhos, maridos, desejos, anseios, saco cheio, maternidade, dieta, celulite, preguiça e tudo mais. Claro, não concluímos nenhum dos assuntos. E, claro, demos muita risada.
Desde então, estou pensando no bem que um amigo faz. Lembrei, imediatamente da transição de Gabriel, aos 4 anos, de São Paulo para São Bernardo. Do pânico que ele tinha de não conseguir fazer amigo. Das primeiras conquistas. (tem post chororô aqui!) E ontem, ao vê-lo gargalhar com os amigos (aquela risada gostosa, sabe?!), eu me emocionei. Que bom que o meu filho está bem e está feliz. Ele, que é tão inseguro, que tem tanto medo das coisas darem errado. Ele, que fica calmo quando me abraça e escuta o meu coração… Ele que vai fazer apenas 8 anos e tem questões emocionais e emotivas que muito menino de 10 ou 12 anos não tem.
Ele, que foi procurar no google informações sobre a Síria, refugiados, nacionalidade e cidadania, quando assistimos ontem a menina síria Hanan levar a tocha olímpica.
Gabriel é uma criança feliz, apesar de todos os problemas que ele julga ter.
Rafael está descobrindo a amizade. Tem uma lista com Guga, Lili, Lipe e Mumu como os melhores amigos. Desce pro play para brincar com um, toma banho só para usar a roupa do amigo grande dele e, na escola, só quer saber da dupla de amiguinhos. Rafael tem Gabriel como ídolo e referência. Rafael pula etapas e já sofre na despedida, na sexta-feira pós escola e ao ser ignorado pelos meninos maiores. Rafa tem um sentimentalismo impressionante de amizade e amor dentro dele que é apaixonante.
Eu tenho poucas amigas, porém verdadeiras e que sei que são para sempre. Mesmo longe, deixei um punhado de pessoas incríveis em Salvador. No Rio, guardo lembranças de amigas sensacionais, que sei que posso contar estando aqui ou lá. Em Sampa, deixei a maior parte do meu vínculo, e da minha dor por estar longe. Se tem algo que morro de saudade é do convívio mais pele com pele com as minhas amigas E aqui, há três anos, tenho tido gratas surpresas, de amigas verdadeiras, vizinhas, companheiras, daquelas pau-pra-toda-obra. Que, mesmo lá de longe, tem a liberdade de falar: pega meu filho e fica um pouco com ele? Ou: se aprontar aí na sua casa pode dar bronca como se fosse o seu filho, tá?
Essas coisas não têm preço. Isso é a mais pura constatação de que quem amigo tem tudo.
Esse é o mais puro desejo de que essa relação não mude nunca. Que meus filhos tenham sempre grandes amigos, mesmo que sejam poucos, mas que sejam verdadeiros e cúmplices. Que ele e o irmão sejam sempre os melhores amigos. E que a gente sempre enxergue felicidade e amor na despretensiosa pizzada numa noite qualquer da semana!