A última parte do relato do nascimento de Rafael eu separei por partes porque achei mais fácil descrever tudo que aconteceu assim.
Para quem está chegando agora, eu aconselho ler as partes 1 e 2 dessa história antes do desfecho final! Rs
O nascimento do segundo filho – parte 1
O nascimento do segundo filho – parte 2
Antes de sair de casa, rumo à maternidade, eu mandei um Whats App para Dra. Lu perguntando se poderíamos induzir o parto (e sobre a cor das unhas, já que não havia dado tempo de parar no salão pra por um esmalte branquinho, rsrs…)
“Indução é improvável por conta da desaceleração…” eu estava com um oligoâmnio e, somado a isso, tivemos duas desacelerações durante o exame.
Oligoâmnio
O oligoâmnio é uma perda de líquido amniótico que pode se dar por algumas razões, principalmente ao final da gravidez (que foi o meu caso, já que meu líquido estava num volume ótimo durante toda a gestação).
Para que o volume de líquido esteja ok, o bebê deve engolir o líquido amniótico e urinar, dessa forma o volume é preservado. Além disso, a gestante precisa se hidratar muito bem. E não deve ter nenhum problema durante a gestação, como a diabetes gestacional. A minha gestação, no caso, não teve nenhum risco, eu bebo água o tempo todo (mais que três litros, certamente) e o bebê, ao que tudo indicava, não tinha nenhum problema nos rins. No entanto, o líquido diminuiu severamente da 36a semana para a 38a. (saiu de 16 para 10 e depois para 5). Quando constatamos a desaceleração, existia uma possibilidade de Rafael estar comprimindo o cordão umbilical e, com o baixo líquido, entrar em sofrimento. Numa situação como essa, a indução do parto normal, assim como a espera pelas 40 semanas completas, fica improvável. Pelo menos para o meu estilo de mãe e para a minha médica que priorizamos a preservação da saúde do bebê.
Em tempo: o artigo da médica Flávia Maciel Mendonda, no blog Gravidinhas e Maezinhas explica direitinho o processo do oligoâmnio. Veja aqui
Família por perto
Desde que entrei no hospital eu fiquei colada ao meu marido e meu filho. Situação completamente diferente do primeiro parto (em outro hospital), quando subi para o quarto e logo saí toda paramentada em cima de uma cama de hospital para o centro cirúrgico, onde encontraria Jarbas apenas no momento de tirar Gabriel da minha barriga.
Dessa vez, não! Meus dois meninos ficaram comigo durante todo o pré-parto. No momento de subirmos para o centro cirúrgico, nos despedimos de Gabi. E aí foi o meu primeiro choro. Cirurgia é cirurgia. O medo de não ver mais o filho, de algo dar errado é inevitável. Ele não entendeu direito o meu chororô, fez cara de choro também e só falou algo como “fica bem”, o que piorou ainda mais a situação de uma mãe que já estava nervosa, tensa e prestes e se separar de um filho para ter o outro. Ele ficou com minha irmã, cunhada e sogra e eu e Jarbas subimos. Juntos o tempo todo.
Senti que seria diferente já ali. Ele estava comigo, me dando apoio e segurança. Ao meu lado, como tem que ser.
Quando me falavam do parto humanizado, sendo ele normal ou cesárea, eu não entendia direito o que isso significava. Mas eu tinha meu marido ao meu lado o tempo todo. Era chamada pelo nome e não pelo prontuário do Sul América, tinha a equipe da minha médica o tempo inteiro comigo. Estava tudo diferente. Não me sentia numa cadeia de produção de bebezinhos. Estava numa maternidade, com pessoas empenhadas a fazerem o meu filho nascer, cercada de atenção e cuidados.
Anestesia
Era o meu pior medo. Sempre tenho pânico da anestesia, acho que vai rolar algo errado e eu vou perder os movimentos das pernas. Mesmo quando anestesio o dente acho que minha perna vai parar de se mexer. Doideira, eu sei. Mas o marido estava do meu lado. Lembro que olhei para ele, olho no olho, tipo jura de casamento. Escorria uma lágrima. Eu já estava sentada na posição de se anestesiada. E um monte de gente falava em minha volta. Ainda tinha luz forte, e eu só enxergava o rosto de Jarbas, por trás daquela máscara e touca. Escutei um “vai dar certo.” Fechei o olho e deu início aquela sensação horrorosa de não sentir a perna mexer. Respirei fundo. Olhei o relógio e passava das 18h. Dra. Lu também estava perto de mim também falou : “vamos começar? Hoje tem Viva Gomes. Ou vai ser viva Rafa?” Tanto faz. Me entreguei aquele momento como se fosse único.
Esqueci completamente que já tinha passado por tudo aquilo. Porque, na verdade, era tudo novo. Eu não tinha vivenciado um parto assim. E daí que teria corte? E daí que teria ponto? Eu queria meu filho em meus braços e logo. Com saúde e bem. E daí que era um centro cirúrgico e não uma sala delivery? E daí que não tinha trabalho de parto? De novo, era muito amor envolvido para trazer ao mundo essa pessoinha que eu esperei tanto, por 38 semanas e 3 dias.
Vem, Rafa!
Estávamos batendo papo, falando da meia–maratona que eu quero fazer no fianl de agosto. E da meia-maratona da Disney que eu sempre falei que um dia faria, aproveitando o final de ano e numa viagem com a família toda. Foi quando vi o anestesista se aproximar de mim e se posicionar para o clássico empurrãozinho na parte alta da minha barriga, no melhor estilo “sai daí, Rafael!” Lu chamou Jarbas para o lado dela. E perguntou se ele estava pronto para a chegada de Rafael. Eu tinha acabado de falar que achava que ainda não sentia nada pelo segundo filho, que o amor do primeiro filho era um amor construído há cinco anos, que tinha a convivência, o afeto e blá, blá, blá. Eu achava….
O choro
Retiro tudo o que eu disse acima, depois que escutei aquele choro. meus olhos encheram de água imediatamente, assim como agora, e toda vez que eu vejo o vídeo o lembro do momento do parto. Essa emoção virá sempre, pois tenho aquele chorinho de bebê ecoando em minha cabeça, e isso me remete a lembranças deliciosas. Escutar o choro do seu filho, logo que ele sai de você, é como materializar o sentimento, o amor, a felicidade e o desejo de ser mãe num único instante. 18h48. Foi a partir deste momento que me tornei outra pessoa. Foi, a partir deste instante, que eu deixei de ter filho para ter FILHOS. No plural, no delicioso plural de ser mãe de meninoS. Foi a partir do chorinho dele que eu materializei o amor. Todo esse amor que eu guardei por nove meses. Todo esse carinho que nem eu sabia que estava dentro de mim. Foi, a partir daí, que eu descobri que tem MESMO, espaço para dois no coração de mãe.
Nós três
Como já era esperado, o pai se tornou pai quando pegou Rafael no colo. Durante todo esse tempo a gente conversava sobre o amor do pai, sobre a ficha que cai, sobre a sensaçãoo de ser pai de novo. Para Jarbas isso ainda era distante. Era. Até ele segurar Rafa no colo. O olho cheio de lágrimas, o pezinho do bebê tatuado no braço, o corte do cordão umbilical, o peso, o colo… a entrega do filho para mãe, feita pelo pai. A luz baixa para que Rafa não estranhasse a chegada nesse mundão (desculpa aê quem viu o Parto Via Web no escurinho…) tudo isso fez eu me sentir tão mãe e ele tão pai… tudo isso fez com que eu desejasse eternizar aquele momento.
Jarbas permaneceu ali, com Rafael dentro do sling (um gesto que o São Luiz adotou há mais ou menos um ano, para que o pai fique dentro da sala de parto, junto com a mãe e o bebê -que permanece dentro do sling, no colo quentinho do papai), ninando e abraçando como se tivesse nascido para fazer isso o resto da vida. Não é mais pai de primeira viagem, é fato, mas rodeado de tantas emoções, ele ainda assim agia com uma naturalidade surpreendente. Conversava sobre bike e viagens ao mesmo tempo que fazia um “ponto, ponto, ponto, estou aqui…” baixinho apenas para Rafa escutar. E assim ele permaneceu durante todo o tempo, enquanto eu tirei fotos, conversei, filmei, pedi para ele se aproximar, pedi beijinho e dei beijinho. Depois soube que minha avó com seus 83 anos, e que assistia a transmissão, estava sem acreditar na nossa tranquilidade e felicidade, com parte da prole no colo, num gesto tão tranquilo, tão humano.
Jarbas saiu com Rafael e, com permissão do hospital, chamaram Gabriel até a porta do centro cirúrgico para que ele fosse o primeiro a ver o irmão. De encontro com o pai, eles ficaram ali, juntinho ao berço que estava Rafa. Meus três meninos, meus três amores.
Cerca de 90 minutos depois eu estava no quarto. De volta de um parto tranquilo, indolor e completamente emocionante. Agradecida por ter escolhido uma equipe tão maravilhosa e tão humana. Agradecida por ter trocado de hospital. Agradecida por ter escutado a minha médica e ter trazido Rafael de forma segura e saudável.
Naquela sexta-feira, dia 31 de janeiro de 2014 -dia do último capítulo da novela e do beijo de Felix e Nico-, lá estava eu, no quarto da Maternidade São Luiz, com minha família e meus meninos. MEUS MENINOS. Daqui até sempre. Lembro que pensei: é muita felicidade e muito amor. E que isso seja sempre eterno!
Fim.
Leia também:
O nascimento do segundo filho – parte 1
O nascimento do segundo filho – parte 2
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Nanna,
Eu amo ler relatos de partos, ver uma vida chegando é dádiva de Deus.
Vc soube contar tão bem que me senti dentro da sala com vcs.
Que Deus continue abençoando sua família.
Me emocionei muito.
Beijos grandes
Barbara
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Chorei com você…
li os 3 posts na sequencia e, OMG!!, quanta emoção.
Rafa lindo! Meninos lindos e mãe linda!
Saúde para vocês.
beijos
Lele
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Adorei! Lindo depoimento, linda família!
Beijo carinhoso
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Sou muito abençoada por ter sido escolhida por Deus para trazer bebês ao mundo… Este relato me encheu de emoção e não pude conter as lágrimas por vc traduzir tão bem o sentimento de uma mãe de segunda viagem ! Obrigada por confiar a mim está missão de te entregar o “Gomes ” ops “Rafael”. Meu beijo grande e o meu muito obrigada
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Adorei! Eu também sou mãe de 2 meninos! E um deles se chama Gabriel… A equipe da dra Luciana é fantástica! E ela é muito fofa! Parabéns! Bjsss
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Que lindo Nana!! Super parabéns! Fiquei emocionada e senti um pouco de todas as sensações que descreveu! E, sim, apesar de eu ser defensora do parto normal, tenho certeza de que uma cesárea também pode ser humanizada e que o mais importante sempre deve ser a saúde do bebê, e da mãe. Achei o máximo seu mais velho ter ficado com vcs! Como foi isso? Ele dormiu lá também? O hospital deixou e vocês acharam bacana a experiência? Mais uma vez, parabéns. Que seus 3 meninos continuem unidos a você com muito amor, carinho e companheirismo! Fiquem bem!!!
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Nanna,
Que história linda compartilhada nesses três posts….Estou as lágrimas aqui! Deus abençoe vcs cada dia mais!! Bjoo
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aiii thati, a gente ama muito essas crianças ne? dificil não se emocionar. eu fico aos prantos sempre que leio. beijos
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Me senti em casa..pois todos seus sentimentos me passam pela cabeça,estou a 1 mês de ser mãe pela segunda vez,emocionada e tranquila agora ,em pensar que sou uma pessoa normal,porque as vezes nós “mamães”,nos sentimos uma ETS…..kkkkkkkkk..linda sua história,sua família ..que deus abençoe grandemente…