A convulsão febril benigna é uma condição relativamente comum nos prontos-socorros de pediatria. Pode ocorrer dos seis meses aos seis anos, em crianças com predisposição genética em função da variação súbita da temperatura (em geral elevação rápida), mesmo com temperaturas mais baixas ou na melhora da febre.
A febre sempre foi um alerta que meu medo. Se por um lado é bom, porque mostra a reação do corpo a alguma bactéria ou vírus por outro ela é silenciosa. E isso me apavora. Sempre que os meninos estão com febre eu os coloco para dormir comigo, porque tenho muito medo de algo acontecer no silêncio desse mal-estar. Por aqui eles nunca tiveram febre muito, muito alta. Eu tenho dois tipos de medicação e, se vejo que a coisa está ficando séria corro para o pediatra.
A verdade é que sempre que uma criança está com febre, vivemos uma angústia de não saber o motivo e o temor de que esse febrão desencadeie uma convulsão. Esse temor realmente tem fundamento, mas apenas uma mínima parcela das crianças com febre irá convulsionar e destas, a grande maioria apresentará um episódio da chamada convulsão febril benigna.
No artigo dessa semana, o pediatra Marco Aurélio Safadi, professor de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador da Equipe de Infectologia Pediátrica do Hospital Sabará, vai responder algumas dúvidas e dar dicas sobre a convulsão febril em crianças.
O que é a convulsão febril benigna? A convulsão febril benigna é uma condição relativamente comum nos prontos-socorros de pediatria. Pode ocorrer dos seis meses aos seis anos, em crianças com predisposição genética em função da variação súbita da temperatura (em geral elevação rápida), mesmo com temperaturas mais baixas ou na melhora da febre. Esse tipo de convulsão ocorre, normalmente, nas primeiras 24 horas de febre e tanto as infecções virais (como gripes, resfriado, diarreias, etc.) como infecções bacterianas (otites, sinusites e pneumonias, etc.) podem ser a causa da febre.
Quais são os sintomas da convulsão? A criança apresenta perda dos sentidos, fortes abalos dos braços e pernas, salivação excessiva, podendo ficar com os olhos vertidos para cima e com a boca roxa. Geralmente a crise dura menos de 10 a 15 minutos, cessando espontaneamente. Após a crise a criança ficará sonolenta, recuperando a normalidade após algum tempo.
O que fazer durante a crise? Tente manter a calma. É muito importante lembrar-se que apesar de assustadora, a convulsão febril é uma condição benigna. O fundamental é proteger a criança para que não se machuque, colocando-a em uma superfície macia. Vire-a de lado para que a saliva ou alguma secreção saia naturalmente pela boca, evitando que obstrua a sua respiração. Não coloque o dedo ou qualquer objeto na boca da criança. Não há necessidade de puxar a língua da criança, podendo inclusive a pessoa ter seus dedos mordidos durante essa tentativa. Tente medir a febre, saber se a crise ocorreu em vigência de febre é muito importante para o pediatra.
Que exames são necessários realizar nas crianças? Se for a primeira crise, leve a criança para o pronto-socorro para ser examinada e se necessário, realizar exames para identificar o que motivou a febre. Na maior parte das vezes exames simples são suficientes. Em casos específicos pode ser necessária a realização do exame do líquor. A tomografia ou ressonância do crânio de maneira geral não são necessárias.
A crise convulsiva febril pode se repetir? Em até 70% dos casos, só ocorrerá uma vez. Quando ocorre de forma mais prolongada e em crianças menores de 1 ano, terá maior chance de se repetir. Nas crianças que já apresentaram convulsão febril, será importante identificar precocemente os episódios febris e medicá-los rapidamente.
Como evolui a convulsão febril? A convulsão febril benigna, como o próprio nome diz, tem boa evolução. Não causa qualquer atraso do desenvolvimento, prejuízo na inteligência ou sequela neurológica. Menos de 1% das crianças poderão evoluir com epilepsia no futuro, principalmente naqueles casos que apresentem histórico de convulsões na família.
O pediatra saberá fazer as orientações adequadas, solicitando exames e/ou encaminhando ao neurologista quando necessário.
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Esse conteúdo foi desenvolvido por Marco Aurélio Safadi, parceiro da NUK e professor de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador da Equipe de Infectologia Pediátrica do Hospital Sabará.
Baiana de corpo e alma e paulistana por opção. Jornalista, corredora, mãe de dois, esposa, escritora e influenciadora digital.
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