
Apesar de muitos anos de observação e estudos, as cólicas não têm uma causa bem esclarecida. É isso mesmo: não têm explicação! :-p Elas aparecem em função de diversas causas, entre elas o temperamento do bebê e fatores psicológicos e sociais (que se resumem a ansiedade dos pais, personalidade da mãe e dinâmica e horários da casa). Além disso, como explica o pediatra Sérgio Luiz de Almeida, neonatologista e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, há também os fatores biológicos, como a alergia alimentar e as alterações da motilidade intestinal. “Avaliações recentes mostram que as situações semelhantes ao desconforto intestinal podem corresponder a diagnósticos diferentes”, diz. Entre eles estão o refluxo, a alergia à proteína do leite de vaca, a intolerância à lactose e a constipação intestinal. Ou seja, aquele desconforto que o nosso filho sente nesses primeiros 90 dias pode ter diversas causas.
O meu primeiro filho mamou no peito e teve cólica. Era um desconforto causado por vários motivos – às vezes ele não arrotava e chorava sem parar, por exemplo. Outras, ele se contorcia todo, como quando estamos no período pré-menstrual, o que para mim era evidentemente uma cólica das fortes. E ele inclusive ficava alguns dias sem fazer cocô, o que o deixava extremamente irritado (qualquer pessoa fica, certo?).
Já com meu segundo, que o leite materno era complemento e o complemento a alimentação principal, tivemos muito choro na madrugada e episódios claros de cólicas. Choro sem motivo, olhos fechados, lágrimas, um esforço na região abdominal, como se tudo estivesse sendo contraído ali por dentro. Dozinha do meu bebê.
E aí você se questiona se está usando a fórmula correta. Vou falar: é de enlouquecer a quantidade de fórmulas que existem no mercado. Experimentamos uma fórmula e depois trocamos por outra, que deixava o cocô extremamente fedido, mas diminuía as cólicas. Na época, o pediatra de Rafa explicou que a proteína parcialmente hidrolisada, utilizada na formulação, é quebrada mais facilmente, o que torna o processo digestivo mais tranquilo. É por conta dessas informações que é fundamental termos uma orientação médica. “A troca do leite só deve ser feita mediante a prescrição do pediatra. Ficar trocando de leite por indicação de outras mães é um grande erro”, alerta o Dr. Sérgio.
E a gente tende a achar que a cólica, a constipação, a regurgitação e o choro só aparecem em bebê que toma leite artificial, né? Mas olha aí meu caso com as duas experiências. Por isso que não dá pra seguir conselho de terceiros ou da internet e ficar trocando de fórmula como quem troca a roupinha do bebê, né, gente? Só troque o alimento do seu bebê se o pediatra recomendar.
Cólica, constipação, regurgitação e choro são sintomas naturais do processo de amadurecimento do intestino e de outros órgãos e muitas vezes não têm nada a ver com o alimento oferecido.
Além disso, existem muitos fatores relacionados à cólica. “Podemos dizer que, independentemente do tipo de leite (materno ou artificial), as cólicas poderão aparecer a partir das primeiras semanas e podem durar até o terceiro ou quarto mês. Elas ocorrem, por exemplo, por imaturidade do funcionamento do intestino e independem, em princípio, do tipo de leite utilizado”, explica o Dr. Sérgio.
O Livro ”A Vida do Bebê”, de Rinaldo De Lamare, define bem o que estou falando: As cólicas, contrações violentas tanto no estômago quanto no intestino, são provocadas pela formação de gases decorrentes da musculatura intestinal, de natureza nervosa ou alérgica.
O desconforto existe porque ele está aprendendo a comer pela boca, digerir e evacuar (lembra que o bebê não fazia cocô dentro da barriga e que era alimentado apenas pelo cordão umbilical?).
E isso é normal.
Afinal, são os músculos e os órgãos entrando em atividade pela primeira vez. E se, por alguma razão, o seu bebê tem muitas dores, fortes espasmos e você acha que alguma coisa está estranha, o melhor mesmo é correr para o pediatra. Porque com as suas informações e o conhecimento dele, com certeza vocês acharão a forma desse incômodo passar logo!
Só para ficar claro:
Cólica é a dor aguda produzida por fortes espasmos no intestino, que se manifestam em ondas de dores maiores ou menores. É a hora em que tudo se contrai e nosso filho berra.
A constipação é que acontece quando o bebê não consegue eliminar as fezes. Até quando estimulamos para ele sentir vontade, mas o cocô não sai. É aquela dor de barriga que bem conhecemos.