Não dá para negar que a geração dos nossos filhos é completamente diferente da nossa. Eles estão imersos num universo online, touch e de compartilhamento. Eles querem fotos para postar no Facebook e os games de tabuleiros foram transferidos para o click do computador. Não podemos brigar contra essa evolução, ela está nas escolas e na casa dos melhores amiguinhos. Mas será que, de alguma forma, podemos conter um pouco esse universo infantil online? E trazer para dentro de casa um pouco do que vivemos quando o computador era essencialmente ferramenta de trabalho das pessoas grandes?
Pesquisa recente encomendada pela AVG Technologies, fabricante de softwares de segurança para computadores e dispositivos móveis, mostra que momentos da infância, como andar de bicicleta sem rodinhas perdem a importância diante das habilidades digitais adquiridas pelas crianças, que são capazes de operar um smartphone ou acessar um navegador de Internet cada vez mais cedo. Por exemplo, 57% das crianças de até 5 anos sabem utilizar aplicativos de celulares, mas apenas 14% sabem amarrar os sapatos. Entre essas crianças, por exemplo, só 23% sabe nadar.
O mundo está online e precisamos ter mais cuidado com a forma que expomos os nossos filhos a ele. Não é estranho, por exemplo, chegarmos a um restaurante e vermos crianças enterradas num tablet, enquanto os pais saboreiam um vinho e pedem o prato do jantar. Já não se fazem mais jantares em família ou rodadas de carteado, jogos de damas ou xadrez, como na época em que eu era criança.
Temos que aceitar essa evolução tecnológica que, muitas vezes, invade a vida das crianças antes mesmo da dos adultos. Mas será que não precisamos impor algum limite a isso? Será que o consumo e o uso desenfreado das tecnologias influenciam positivamente a educação e a criação dessas crianças?
Chris Brauer, Diretor de Inovação do Instituto de Estudos de Gestão de Goldsmiths, da Universidade de Londres tem uma opinião sobre o assunto: “Saber utilizar a tecnologia hoje é quase como respirar, uma obrigação. O desafio que os pais enfrentam agora, diante de questões como segurança e privacidade, é entender como educar e preparar as crianças nesse universo digital”, declara. “Gostando disso ou não, os pais possuem a enorme responsabilidade de educar seus filhos para que façam um uso produtivo e responsável das tecnologias digitais.”
Aqui em casa eu preciso controlar tudo o que se navega na internet, porque, com um filho com oito e outro com três, eu não posso vacilar. Mas o tempo utilizado em brincadeiras digitais, por exemplo, é controlado e o vídeo game sofre uma severa seleção na hora da escolha dos jogos, assim como a seleção de canais da tevê. Tudo isso, aliás, está atrelado à leitura de livros, jogos de passatempo no papel e outras brincadeiras que fazemos a dois. Ou seja: se não faz um, não tem direito ao outro.
Se esse é o caminho eu ainda não sei, mas a velocidade com que a tecnologia adentra na vida dos pequenos me assusta. E definirmos regras, pelo menos dentro de casa, é uma forma de controlar a qualidade da infância dos meus filhos. E tentar fazer com que eles experimentem o novo e o digital, sem abrir mão dos tradicionais meios de diversão, é sempre uma boa alternativa. Equilíbrio, essa é a chave. Por enquanto isso vem dando certo.
Mais alguns dados da pesquisa da AVG:
• 57% das crianças de 3 a 5 anos sabe operar pelo menos um aplicativo de smartphone ou tablet – um aumento de 38% em 4 anos.
• 62% das crianças de 3 a 5 anos sabem ligar um PC, mas só 42% sabem o endereço de casa;
• 57% sabem utilizar pelo menos 1 aplicativo de smartphone, mas apenas 25% sabem o que fazer em uma emergência;
• Entre as crianças de 6 a 9 anos, 89% usam a internet e, no Brasil, esse índice chega a 97%, sendo o mais alto entre todos os países pesquisados;
• 7% das crianças passam mais de 10 horas conectadas, mas a maior parte delas gasta entre 0 e 5 horas online;
• 46% brincam em redes sociais focadas em crianças como a WebkinzT ou o Club Penguin;
• No Brasil o número de crianças entre 6 e 9 anos que possuem perfil no Facebook é de 54%, mesmo com a determinação de idade mínima de 13 anos estabelecida por essa rede social.
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*Fonte: os dados foram disponibilizados pela AVG. Foram entrevistadas mais de 6 mil mães em 10 países, incluindo o Brasil, para traçar um panorama de como as crianças utilizam dispositivos tecnológicos e a Internet.