Meus filhos foram cedo para a escola. Por uma escolha nossa entre babá e creche, já que eu preciso trabalhar. Tive culpa? Claro! Desejei estar perto dos meus filhos nos primeiros anos de vida. Mas também tenho amor pela minha carreira e, por isso, resolvi conciliar as duas coisas. Assim como eu, muitas mães que trabalham fora de casa ficam nessa mesma situação. Então uma notícia boa para acalentar nosso coração: a rotina vivida pela criança de zero a três anos na creche na casa de alguém durante o dia estimulam mais o desenvolvimento do que as que ficam em casa com pais ou cuidador.
A pesquisa foi encomendada ao IBOPE Inteligência pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal –instituição que amo e confio muito!– e mostrou que 89% das crianças que passam o dia (ou parte dele) em creches folheiam livrinhos e ouvem histórias contadas por alguém. Para crianças que ficam na própria casa, o percentual cai para 62%, menor também na comparação com as que permanecem parte do dia na casa de alguém – 84%.
O mesmo acontece com atividades como brincar ao ar livre, que faz parte da rotina de 95% das crianças de zero a três anos que frequentam creche e de apenas 81% das que passam a maior parte do tempo em casa.
A pesquisa mostra ainda que estar mais tempo em casa em muitos casos não quer dizer que há interação de qualidade com adultos: apenas 67% das crianças brincam, pintam ou desenham com adultos, enquanto na creche o índice sobe 91% e na casa de outros cuidadores é de 74%.
Esse levantamento tem o intuito de mapear as necessidades e interesses de famílias brasileiras a respeito de questões como rotina e percepção de qualidade de creches, além de traçar um perfil dos cuidadores.
“Existe ainda um desconhecimento sobre a importância da rotina para o desenvolvimento da criança. É importante estabelecer horário para acordar, dormir, almoçar, tomar café para que a criança se sinta segura e consiga desenvolver algumas competências socioemocionais (com organização, autonomia). Mas essa rotina tem de ser associada a atividades que estimulem seu desenvolvimento, como a leitura, a interação com adultos e a brincadeira”, explica Eduardo Marino, gerente de Conhecimento Aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
“Nesta etapa da vida, essas atividades contribuem com um componente essencial para o desenvolvimento infantil que é o afeto. É a partir da construção do vínculo, do carinho e da interação com o adulto que a criança aprende”, afirma Marino.
Ida ao pediatra X carinho da mãe
Eu já tinha escutado essa informação algumas vezes e sempre achei esse dado alarmante. Quando questionados sobre o desenvolvimento de crianças de zero a três anos, mais de 64% dos pais afirmaram que as consultas periódicas no pediatra é o item mais importante, seguido pela amamentação e o cuidado com a alimentação. O item “receber carinho e afeto” é considerado importante para apenas 17% dos entrevistados, enquanto conversar com a criança é o último item da lista, segundo as famílias.
Pasmem, é sério!
“É importante orientar a sociedade de que desenvolvimento vai além da questão física e de saúde. A interação, o afeto, a brincadeira, a leitura são itens importantíssimos e devem ser estimulados desde antes mesmo do nascimento”, reforça Marino. A pesquisa mostra que apenas 34% dos entrevistados acreditam que a criança começa a aprender ainda dentro da barriga da mãe.