Seu filho se joga no chão, faz birra pra comer, não quer tomar banho e te culpa pelas derrotas nos games, pelo calor e por qualquer outra coisa que o incomode. Você respira fundo, conta até 150, tenta conversar, mas quando vê já está gritando e chorando. Essa sou eu e meus hormônios do final da gravidez que já dominam meu intelecto de uma forma absurdamente louca!
Isso é o que acontece aqui em casa às vésperas do nascimento do meu segundo filho. Gabriel entrou numa disputa particular comigo e o bebê-barriga que só afeta a mim. Está manhoso, me desafiando, testando todo e qualquer limite que eu tenho. Ao mesmo tempo, esbanja beijos e carinhos para Rafael -o bebê-barriga-, conversa com o irmão, fala mansinho e quer dormir colado na minha barriga.
Em outros momentos me enche de carinhos, me chama de “gravidinha” e faz brincadeirinhas delícia. Minutos depois, volta a se jogar no chão e a fazer birra de bebê. Essa última semana das férias foi particularmente difícil e rendeu muitas lágrimas.
Eu tento ser madura o suficiente para entender a cabecinha de 5 anos dele. Tento parecer uma mãe coerente com aquilo que lemos e aprendemos sobre a segunda gravidez. Tento ver ele como meu filhotinho, a coisa mais importante do mundo e garantir essa segurança a ele. Tento mostrar que o ciúmes e a manha são coisas chatas e que eu quero ele ao meu ladinho.
Mas a teoria é linda até a birra tomar conta. Daí é briga atrás de briga, até tudo acabar em choro e pedidos de desculpa. Ele, por ter me feito perder o controle, eu por ter perdido esse tal controle que nós mães cismamos em manter 24 horas por dia.
Agora ele está na casa da avó. Pediu para passar uns dias por lá e o meu coração fica esmigalhado. Dá uma mínima pontinha de tranquilidade na casa e um vazio arrebatador, que é a consequência da falta que ele faz. A casa da vovó é aqui na rua, a 500 metros da nossa. Eu passo lá todos os dias e fico sabendo de tudo que acontece.
Mas é o tal controle, né? Cadê ele aqui para eu colocá-lo em prática? E quando eu escuto que ele comeu bem, tomou banho, brincou o dia todo e não derramou uma lágrima sequer, eu fico feliz, pois sei que meu filho não está dando trabalho e está bem nos últimos dias de férias. Mas, como mãe, me sinto uma mˆ&$&a. Pois aqui em casa não estou conseguindo fazer meu filho se comportar assim.
Aliás, nesse final de gravidez é preciso muito autocontrole, viu?! Vou falar que é difícil. Você se sente menos mulher, menos mãe, melhor profissional. Minha comida está uma porcaria, meu relacionamento com o marido tem uma barriga giga no meio, minha paciência com o filho está se esvaindo, não consigo abaixar pra recolher um Playmobil sequer, minha coluna dói. Eu sei, faltam 3 semanas, está chegando a hora e sei que daqui a um mês nada disso será lembrado. Sei que amnésia do amor maior arrebatará meus sentimentos e tudo se transformará em amor.
Mas se eu fosse homem eu diria: você tá chata pra Ca#$ˆ&lho!!!
Prestes se me afogar em lágrimas eu vou dormir. Vamos tentar fazer esse sono chegar e descansar os pensamentos. A saudade do meu pequeno, em meio a sentimentos tão controversos, está me matando. Amanhã é dia de pegá-lo na vovó, irmos ao cinema juntinhos, fazermos programa delícia de mãe e filho e deixar que o amor tome conta de toda essa irritação que insiste em ganhar espaço nas últimas semanas da gravidez!