A vida começa a ficar muito mais tranquila quando concluímos os primeiros 90 dias de vida do bebê.
Aos três meses Rafael dorme a noite inteira, me oferecendo entre seis e sete horas de sono. Olha pra gente e dá uma deliciosa risada banguela que manda embora qualquer irritação matinal. Curte o banho na banheira como se fosse um playground, e já percebe que tem música tocando no quarto (só não sabe de onde ela vem) e sabe que aquela melodia o acalma. Ele se derrete ao ver ou escutar o irmão e, ufa!, as cólicas se mandaram. Ao fim do terceiro mês, aquela carinha de bebê RN vai dando espaço para um bebê alegre e tranquilo, que já começa a mostrar sua doce e forte personalidade.
A vida começa a voltar ao normal. Aos poucos eu volto a malhar, a trabalhar, a sair para um ou outro restaurante, a ter uma vidinha mais social. Aos poucos ele vai evoluindo, cada dia apresentando uma nova conquista. Como o pé, que descobriu faz uma semana. Pena que tá frio e ele não pode observar por tanto tempo tal belezura que, para ele, é uma obra de arte esculpida por Michelangelo, tal admiração que ele contempla… o pé.
Já começa a se interessar por alguns brinquedos. E é capaz de enfiar a mão quase que inteira na boca. Consegue segurar alguns mordedores, principalmente os mais fininhos e levinhos e até arrisca leva-los à boca. Mas na maioria das vezes eles param na bochecha.
Aos três meses Rafael olha pra gente como se quisesse falar sem parar. Faz ah, ah, ah oh, oh, ho e olha com carinha de interrogação do tipo “não tá me entendendo?”. Se fazemos alguma palhaçada (e nisso o irmão mais velho é craque) ele dá uma risada gostosa, que faz barulhinho… eu arrisco que ele não demora muita para dobrar o riso, como diz lá na Bahia.
Aos três meses Rafael não é mais um bebezinho recém chegado da maternidade. Já apresenta a sua rotina, o cocô matinal, o leite a cada três horas, gosta do banho ainda quando está claro e não quer dormir muito durante o dia, não. Mas também não quer colo nem é chorão. Ele quer olhar, observar, pegar e espiar o que tem em volta. Se deixo ele no ginásio (aqueles brinquedos que tem penduricalhos em tudo quanto é quanto para estimular a coordenação do bebê) ele é capaz de ficar uns 40 minutos, emitindo sons engraçados que às vezes parece uns resmungos. Aliás, e como resmunga um bebê de três meses, não?
Aproximadamente às 19h ele adormece profundamente. Digo profundo, pois é quando o mais velho chega da escola, acende a luz, pega brinquedos, dá uns apertões nele, que nem se abala com a farra no quarto. De ladinho estava, de ladinho permanece. Por volta das 21h a rotina é a minha, de tirá-lo do berço para uma mamada, a penúltima da noite. E o dia (ou noite) encerra-se por volta das 23h30, quando troco a última fralda, tiro ele novamente do berço e dou mais um pouco de leite para garantir que a noite seja bem dormida. E assim, com um beijo de boa noite, me separo dele por pelo menos seis horas.
Rafael entrou na rotina da casoa, tal qual Gabriel, há seis anos. A personalidade dos dois é bem parecida e muita coisa de Rafa me lembra Gabi bebê. O gosto por uma noite bem dormida, a tranquilidade e até a briga constante com a chupeta (ah, isso sim o faz acordar –bravo- durante a noite, até que a gente coloque novamente a chupeta na boquinha dele). E Gabriel fazia exatamente a mesma coisa, perdia o bubu e ficava nervoso. Mas relaxava imediatamente quando um de nós o salvada desse terrível martírio.
Eu não costumo entrar muito nas questões de como estabelecemos as coisas aqui em casa, porque não quero gente se metendo na forma como eu exponho meus filhos ao barulhos naturais da casa durante o dia, ou na quantidade de horas que eu os deixo dormindo durante a noite (sem leite, que mãe cruel!) . Mas aqui em casa a gente tem uma rotina muito disponível para os meninos, de forma que eles se adaptam bem aos nossos horários. E se dormir a noite inteira fosse ruim, o primeiro a berrar certamente seria o bebê!
Mas que, assim como o primeiro, o segundinho já entrou no ritmo, isso entrou. Ter um bebê em casa é, aos três meses, muito mais delicioso do que trabalhoso. Curtir essa rotininha meticulosa é bom para colocar a gente no eixo. Acordar às seis horas e não voltar mais para dormir tem lá as suas vantagens (ok, estou olhando pelo lado bom, tá?!). E o importante é que, aos três meses, Rafael começa a marcar seu espaço em nosso ninho. E acompanhar essa evolução é bom demais!