Dedico esse post ao meu pappi, pois tenho certeza de que ele vai amar essa historinha…
Ontem, após o jantar, me deu vontade de comer manga. Tava calor, Gabriel tava agitado, e eu só gosto de comer manga me melando. Se tiver que comer cortadinha acho que até dispenso. Na Bahia tem muita manga. lembro que minha mãe fazia “abafabanca” de manga, uns sorvetinhos feitos na cuba de gelo, pra gente comer de sobremesa. Lembro muito das mangas (e dos pés de manga) da ilha de Itaparica. E lembro (ou idealizo, após tanto escutar) que eu oferecia manga pra lua. Sim, pra lua do céu.
É algo emocionante lembrar dessa história. Não tenho a mínima ideia de quantos anos eu tinha, mas devia ser pititiquinha. Tenho uma cena na minha cabeça que não sei se criei ou se existiu, e que era mais ou menos assim: eu sentada na moto branca de meu pai, de calcinha, um chão de barro, acho que na Ilha, em Tairú. E uma noite quente, com o céu cheio de estrelas e uma lua enorme. E eu toda melecada de manga, chupando a fruta que escorria pelas mãos e fazia uma meleira. E aí eu falava: quer manga, lua? E oferecia a fruta pro céu, esperando uma resposta positiva, eu acho.
Escrevendo aqui a cena vem perfeitamente na minha cabeça. E chega emociona de tão real que parece.
E ontem eu contei essa história pra Gabriel. Sentamos na varanda em meio a noite quente. E nem lua no céu tinha. Mas eu comecei a contar que meu pai fazia isso comigo, que a gente comia manga se melando, e que eu oferecia a manga pra lua. Ele repetia a cena, não sentado na moto e com um céu estrelado, mas na varanda da nossa casa, achando muito massa aquela bagunça.
“Mãe, mas a gente tem que chamar a lua de lua do céu. Porque a Lua [a nossa gata] não come manga”, disse ele pra mim, tentando estabelecer as referências entre o nome da nossa gatinha e a lua propriamente dita.
Um momento que durou uns 15 minutos. Tempo suficiente para fazermos pingos de manga na perna, bigode de manga e mãos de manga. E oferecermos manga pra Lua, assim como eu fazia com meu papi. Foi lindo!