A música na formação humana da criança.
Trabalhar a coordenação motora, lidar com as emoções, aprender a dividir. Os benefícios da musicalização para crianças vão muito além da aprendizagem musical.
Trabalhar a coordenação motora, lidar com as emoções, aprender a dividir. Os benefícios da musicalização para crianças vão muito além da aprendizagem musical.
Eu sempre dei muita importância à música. Não sei se é o sangue baiano, se é de mim ou pelo fato dos meninos receberem muito bem qualquer manifestação musical. Eu e Gabi, por exemplo, sempre fazemos rimas com melodias existentes e ficamos treinando a letra de músicas de gostamos. Bem, ele tem andado com um gosto meio duvidoso ultimamente, menos infantil. Coisas da idade. Rafinha tem uma relação de amor com a música. O primeiro contato foi com o Mundo Bita, que virou tema do aniversário de 1 aninho. Depois veio o Tiquequê, grupo que ele ama até hoje. Aos três anos ele tem viola, guitarra, bateria e microfone. Ele realmente puxou a mim. E isso é uma delícia. Porque a música alegra a nossa casa e é muito importante nos primeiros anos de vida.
De acordo com Alessandra Zanchetta, professora de Musicalização Infantil do Espaço Uirapuru, aulas para bebês e crianças traz uma diversidade de benefícios. “A música é uma linguagem muito diferente de todas que possuímos. Ela mexe com os sentidos e os sentimentos das pessoas, além de desenvolver aspectos como a coordenação motora, concentração, sociabilidade, consciência corporal, o trabalho em grupo e o respeito da criança por si mesmo. São elementos que ela levará como aprendizagem para toda a vida”, afirma a professora.
Os meninos têm aula de musicalização aqui no prédio (para Rafael) e na escola (para os dois). Mas nunca levei eles a uma escola de música. Alessandra explica que para cada uma das idades, o ensino deve ser direcionado:
Até dois anos, as aulas são voltadas para sensibilização: contato com instrumentos, atividades com músicas folclóricas, Parlendas (brincadeiras com versos e rimas) e brincadeiras de rodas, sempre com a presença dos pais ou algum responsável. “Essas atividades ajudam a criar um elo maior entre a criança e o adulto. Trata-se de um momento só deles, que muitas vezes se perde por causa da vida corrida de hoje”, diz.
Já a partir dos dois anos e meio as crianças entram em contato com alguns elementos musicais: são feitas brincadeiras para conhecer os timbres e estimular a escuta musical principalmente dos sons que as rodeiam. A criança começa a ter consciência do som e do silêncio e de sua importância para a música. O arranjo musical também começa a ser apresentado nesta fase, tudo de forma muito simples, enquanto são livres para pular e dançar.
Lá para os três anos e meio as atividades passam a exigir um pouco mais da criança. Timbre, duração, altura, intensidade, pulso e ritmo são introduzidos através de atividades corporais e lúdicas, estimulando a exploração sonora do corpo e dos diversos instrumentos.
Dos cinco aos sete anos já é possível aprender diversos ritmos. Arranjos são feitos a partir de músicas da cultura brasileira e de outros países. As definições dos conceitos musicais são apresentadas, mas nunca perdendo a ludicidade, sempre estimulando a participação, imaginação e criação por parte da criança. O contato com diversos instrumentos (de percussão, piano, violão, etc), que acontece em todas as idades, é mais direcionado, dando a oportunidade da criança conhecer o universo de sons de cada um deles.
Só a partir dos sete anos de idade os conceitos musicais são ensinados com mais formalidade. “O mais importante é que os pais não exijam que a criança já venha para a aula e saia tocando. É um processo lento, de experimentação e liberdade. Deve-se respeitar o tempo de cada um para que a aprendizagem aconteça de maneira natural”, acredita.
Alessandra diz que as crianças podem ou não quererem seguir na música e tocar algum instrumento. “O grande intuito da musicalização não é formar músicos, e sim formar púbico, ouvinte, conhecedor. Um público que tenha pensamento crítico e saiba analisar o que está ouvindo.”
Gabriel, que fez aula de violão por quase um ano, não seguiu adiante. Quis parar e voltar para o esporte. Mas tudo bem, afinal cada coisa tem o seu tempo. Rafa aparenta ter mais jeito, mais pegada com a música e pode ser que siga adiante com algum instrumento. Como a especialista falou, o importante é eles conhecerem e gostem da música. De todo tipo, de todo ritmo. E, por enquanto, os meninos estão fazendo a lição de casa direitinho!
Fonte: Espaço Uirapuru (www.espacouirapuru.com.br), idealizado pelos violonistas Euclides Marques, Zé Garcez e Luizinho 7 Cordas, que tem aulas para bebês e crianças.