Conheça a lenda do Coelhinho da Páscoa
Para os cristãos de renovação e fé. Já as crianças só querem chocolate!
Para os cristãos de renovação e fé. Já as crianças só querem chocolate!
As crianças se encantam pela figura dos coelhinhos de Páscoa. Sabem por quê? Eles trazem chocolate! As vitrines das lojas e shoppings das cidades produzem ambientes acolhedores onde os coelhinhos são os astros principais. As escolas de educação infantil também estimulam os festejos, caracterizam os pequenos de coelhinhos e os professores ainda ensinam à garotada canções alusivas aos festejos pascoais.
‘Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim/ um ovo, dois ovos, três ovos assim’.
Conta à lenda do Coelho da Páscoa que perto da casa do menino Jesus, um passarinho construiu seu ninho. Todas as manhãs, Jesus era acordado pelo alegre e bom canto da avezinha. Certa manhã, porém, ele foi despertado pelo piar aflito do passarinho. Jesus espiou e viu que a mamãe passarinho chorava desconsolada, pois a raposa havia roubado os seus ovinhos. O menino Jesus ficou triste e saiu pelo campo, pedindo aos bichos que passavam que o ajudassem a encontrar os ovinhos roubados.
– Gatinho, você quer me ajudar a encontrar os ovos da mãe passarinho?
– Não posso Jesus. Minha dona me encarregou de caçar um rato que sempre rouba queijo todas as noites.
Assim Jesus foi se dirigindo aos animais, mas era inútil. Todos estavam ocupados. O cão cuidava da casa. A formiga trabalhava apressadamente. O grilo estava cansado de pular de galho em galho. Nenhum bicho podia ajudar Jesus.
Foi então que o coelho colocou as orelhas para fora da toca e disse: Jesus, se você quiser, eu posso te ajudar. E saiu correndo até encontrar o esconderijo da raposa. Mas que pena. Ela já havia comido todos os ovinhos.
O coelho com pena do passarinho e querendo agradar a Jesus, resolveu pedir um ovinho para cada um dos passarinhos que conhecia e levou a Jesus. O menino Jesus colocou os ovinhos no ninho da mamãe passarinho, que nem desconfiou de nada. Como recompensa, o coelhinho foi encarregado por Jesus, de todos os anos, na Páscoa, distribuir ovinhos para as crianças.
E assim a meninada vibra muito com esta festa!
A Páscoa para os religiosos
Com base no calendário cristão, no dia 30 de março é Sexta-Feira Santa. Quando em muitos países católicos se jejunha em sinal de fé, os brasileiros fazem verdadeiros banquetes com bacalhau, peixes e frutos do mar. Na Bahia, por exemplo, é costume variar mais. Os quitutes da culinária baiana são produzidos em grande escala, ou seja, caruru, vatapá, feijão fradinho e frigideiras de vários tipos, gerando uma verdadeira comilança regada a azeite dendê, leite de coco, camarão seco, castanha e amendoim. A sobremesa é cuscuz doce: de milho, inhame, tapioca e carimã sempre regado com muito leite de coco.
Várias igrejas católicas em todo o país organizam missas e procissões. Existem também as tradicionais encenações da ‘Paixão e Morte de Jesus Cristo’, sendo a mais conhecida a de Nova Jerusalém, em Pernambuco. Outros estados como Bahia, Ceará e Goiás além do interior de várias cidades do país, como Minas Gerais, também cultuam as procissões religiosas enfeitando as ruas das cidades com tapetes produzidos pelas comunidades com pó de serra colorido, folhas secas e muitas flores.
A Quinta-Feira Santa (29) também é um dia muito significativo para a Igreja Católica. É a ‘Missa do Beija Pé’, quando depois da ceia com seus discípulos, Jesus, em ato de muita humildade, lava e beija os pés dos mesmos. Esta celebração é realizada mais comumente pelos beneditinos nos mosteiros mais tradicionais como o de Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Recife (PE) sempre no turno na tarde.
A Páscoa em Paraty
As comemorações da Semana Santa na cidade histórica de Paraty mantêm tradições que datam dos séculos 16 e 17, ocasião em que podem ser admiradas imagens e peças sacras com mais de 300 anos de existência. Todas as procissões e celebrações estão preservadas, tanto pela paróquia quanto pelo povo. Na verdade, algumas delas foram adaptadas – como, por exemplo, a ‘Procissão do Encontro’ – que era realizada uma semana antes e, atualmente, acontece na própria sexta-feira.
Seis peças de valor histórico-arquitetônico incalculável podem ser vistas na Sexta-Feira Santa em Paraty: os Passos da Paixão, abertos apenas uma vez por ano.
‘Os Passos’ são pequenos altares embutidos em paredes de sobrados, casas e igrejas representando os principais momentos da Paixão de Cristo, tradição que veio de Portugal ainda no Brasil Colônia, tendo sido construídos passos em diversas cidades além de Paraty, como Tiradentes, Ouro Preto, Congonhas e São João Del Rey, todas em Minas Gerais.
Um dos pontos altos da Semana Santa em Paraty é a ‘Procissão do Fogaréu’ (ou da Prisão) da qual, no início, somente homens participavam, sendo as mulheres proibidas até de vê-la pelas janelas. Nessa procissão, reativada na década de 70, os fiéis saem pelas ruas de pedras do Centro Histórico portando fifós (tochas) ou velas, com as luzes dos postes apagadas e ao som incessante de matracas – o que nos transporta a outros tempos. As matracas vieram substituir os sinos que, por serem motivo de júbilo, silenciam na quinta-feira santa e só voltam a tocar no Domingo de Páscoa.
Além de Paraty, uma das poucas cidades onde ainda se mantém viva a tradição do Fogaréu – embora realizada de maneira distinta, sobretudo nos figurinos – é na cidade de Goiás Velho, em Goiás, agraciada pela UNESCO com o título de Patrimônio da Humanidade. Assim, como na cidade de Serrinha, no interior da Bahia, precisamente da região sisaleira, que realiza uma procissão noturna, muito tradicional e de rara beleza.