Com o primo tito, e sem os pais, na casa da vovó
Eu sempre pensei -e sofri antecipadamente por isso- com o momento que eu precisasse me distanciar de Gabriel. E isso aconteceu logo quando eu parei de amamentar, na primeira viagem de trabalho que fiz. Essa semana, vendo o aperto no coração da minha amiga Julica, mãe de João, na sua primeira viagem sem ele, resolvi falar sobre isso.
Quando Gabriel tinha oito meses eu viajei para Jordânia, do outro lado do mundo, a trabalho. Foram 15 dias bem sofridos, de saudades e lágrimas. Quinze dias após meu retorno veio outra viagem, também para Jordânia, por mais duas semanas. Ou seja, foram dois compromissos internacionais seguidos e o meu coração dilacerado.
Mas posso contar uma coisa? Nós, os pais, é que sofremos. Eles ficam super bem. Gabriel ficou na casa da vovó Tetéu com o pai, que se mudou de mala e cuia para lá. E, entre uma coletiva de imprensa e um momento de choro, eu recebia fotos e informações de como ele estava bem. Até hoje eu não sei se isso me deixava feliz ou arrasada. Porque aquela frase que minha mãe sempre dizia “você tem criar o filho para o mundo”, começava a fazer sentido. Gabriel vivia (e bem) sem a mãe.
Então, Julica, essa sua primeira viagem a trabalho não vai causar traumas ao João. Nosso coração fica apertado, sim, mas eles ficam super bem –e não sofrem como a gente imagina.
Uns oito meses depois vivemos outra prova de fogo. Dessa vez eu e Jarbas viajamos durante o carnaval e Gabriel ficou “sozinho” na casa dos avós. Foi mais tranquilo, confesso, porque eu estava amparada pelo marido. E sei que a vovó cuida super bem do nosso filhote. Mas o coração aperta do mesmo jeito.
A tática para minimizar o sofrimento é: não falar com Gabriel. As duas vezes que falei, eu me debulhei em lágrimas. Depois resolvi apenas saber das noticias pela vovó, não me alongar muito no papo e muito menos escutar aquela voz fininha dizendo “mamãe, te amo”. Aí já é muito pro meu coração.
E agora, no auge dos seus três anos (risos), ele fala com todas as letras: “Mamãe, eu vou dormir na casa da titia, pode ir embora pra nossa casa”. Assim, super independente. O lado bom disso é que Gabriel se tornou uma criança sociável e que não dá trabalho para ficar com outras pessoas da família. O lado ruim… bem, na verdade, não tem. A não ser essa dorzinha que se instala no meu peito cada vez que vejo que meu filho está crescendo e já aprendendo a fazer escolhas. Mas aí eu penso na frase de minha mãe. Sim, estou criando meu filho para o mundo. 🙂